Diplopia vertical com alterações neurológicas
Boa tarde! Gostaria da opinião dos prezados colegas na elucidação deste caso.
Paciente masculino, 32 anos de idade, sem antecedentes patológicos e oculares.
HDA: Há aproximadamente 30 dias paciente percebeu visão dupla, que melhora ao ocluir um dos olhos. Neste período iniciou também com cefaleia contínua de baixa intensidade, ora frontal, ora occipital e nas últimas semanas queixou-se de náusea e apraxia de marcha.
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Antes desta consulta,o paciente consultou com neurologista, que solicitou TC de crânio (filme de má qualidade, com laudo normal) e eletroencefalograma (com alterações inespecíficas). O neurologista prescreveu Valproato de sódio e disse que o mesmo não apresentava nenhuma patologia neurológica.
Em seguida, consultou com oftalmologista, que lhe prescreveu óculos. Paciente afirma que a diplopia piorou com o uso dos óculos.
OBS: relato do paciente, e houve falha da minha parte em não questionar quais os sintomas que ele tinha apresentado até o momento da consulta neurológica.
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Exame: Paciente lúcido, orientado no tempo e no espaço.
AV cc: 20/20 AO
AV sc: 20/25 AO
Diplopia vertical binocular tanto para perto quanto para longe, com piora nas versões horizontais.
Pupilas isocóricas e fotorreagentes.
Ortotropia. Apresenta déficit de convergência.
PIO: 18mmHg OD 19mmHg OE
Biomicroscopia:sem anormalidades
FO (AO): discos de bordos bem definidos, rosados, escavação 0,2 x0,2 , estreitamento vascular, mácula sem alterações.
Marcha: atáxica
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Solicitei ao paciente RNM de crânio e CVC.
Não sou neuroftalmo, peço a ajuda dos colegas na elucidação deste caso.
Desde já agradeço pela colaboração de vocês.
Parabéns Frederico por nos permitir esse canal de discussão.


Esses casos de tumores em região de quarto ventrículo, cerebelo, etc - costumeiramente produzem um teste de cobertura (cover test) bizarro, com uma incomitância que não é explicável pela paralisia de um músculo isoladamente. Sempre ajuda fazer o teste de cobertura nas diferentes posições do olhar.